Se eu perguntasse agora nesse exato momento o que é importante para sua vida, você saberia responder imediatamente? Pois bem, a maioria das pessoas não sabe essa resposta e o motivo é muito simples, todos nós não pensamos na finitude da vida, na nossa morte, e isso é um fato que não podemos mudar. Mas o que fazemos da nossa vida enquanto ela acontece, isso sim pode ser modificado, para sermos nós mesmos os autores da nossa biografia.
E quando no meio dessa biografia surge uma doença incurável que ameace a continuidade da vida, temos a idéia de que não tem mais nada a ser feito, puro engano, ainda temos muito a fazer não só pelo paciente, mas também pela família que adoece junto, e só conseguimos isso fazendo cuidados paliativos e o mais precocemente possível.
Inicialmente, os cuidados paliativos foram pensados apenas para o tratamento oncológico, mas hoje englobam qualquer doença que ameace a vida por ser progressiva ou até mesmo incurável. Com tema em evidência no momento, graças a recente novela das sete da Rede Globo, torna-se uma ótima oportunidade de desmistificar a idéia que, cuidados paliativos só devem ser empregados quando não há mais possibilidade de tratamento e o paciente estiver em condição de terminalidade. Seu principal conceito é promover a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares por meio de prevenção e alívio dos sofrimentos que a doença causa, costumamos dizer ser um cuidado de proteção por aquela vida que tem significado, valor e qualidade e ainda está ali.
São várias as formas de tornar essa situação o mais confortável possível ao paciente e aos seus entes queridos. A humanização no tratamento está justamente na maneira como a equipe avalia e aplica o plano terapêutico nos campos do sofrimento emocional, físico, social e espiritual, afinal, todas essas áreas devem estar em harmonia para que o paciente se sinta bem.
Esses cuidados acontecem de maneira integrada, e toda a equipe médica e multiprofissional exerce funções de extrema importância. Médico, enfermeiro, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, nutricionista, educador físico e assistente espiritual, devem trabalhar juntos na busca de melhorias no dia a dia do paciente e de sua família, pois cuidar dessas necessidades do ser humano é mais do que dar-lhe só tratamento para a sua doença.
Camila Zanotto Alfieri
COREN 209641
Enfermeira Oncologista, pós-graduada no Centro Universitário São Camilo e em Cuidados Paliativos na Casa do Cuidar.