Informações sobre prevenção de câncer são hoje abundantes em vários veículos de comunicação, o que gera uma população cada vez mais consciente e interessada no assunto. No entanto, o bombardeio de informações também pode causar alguns problemas, pois muitas vezes é difícil separar o que é verdade do que é mito, o que é fato do que é opinião. Isso fica ainda mais difícil no caso do câncer de próstata, pois nós mesmos (médicos que tratamos de câncer) ainda não chegamos a um consenso sobre a melhor forma de prevenir essa doença que mata milhões de homens todos os anos.
Neste mês, você provavelmente verá as campanhas do Novembro Azul, convidando todos os homens a realizar os dois principais exames preventivos para o câncer de próstata: o toque retal e a dosagem de PSA (exame de sangue). Também é possível que veja pessoas (políticos ou mesmo médicos) criticando a campanha e dizendo que os exames não são necessários. O próprio Ministério da Saúde se posiciona contra o exame preventivo. Qual é a verdade sobre isso? E o que você deve fazer?
A origem dessa confusão está no fato de que (felizmente!) o câncer de próstata é, na maioria das vezes, uma doença pouco agressiva. Muitos casos podem ser curados com cirurgia ou radioterapia, e alguns tumores pequenos podem ser até acompanhados sem tratamento. Mesmo homens com câncer de próstata avançado e incurável podem viver muitos anos com a doença. De acordo com dados americanos, de cada 100 pacientes diagnosticados com câncer de próstata hoje, apenas 4 terão morrido por conta da doença daqui 15 anos. Em comparação com outras formas de câncer, esses resultados são maravilhosos. Mas será que isso é justificativa para não se prevenir?
De forma cada vez mais clara, a resposta para a pergunta acima é NÃO. Depois de décadas em queda, o número de mortes por câncer de próstata nos Estados Unidos voltou a aumentar a partir de 2012, quando o governo americano se posicionou contra as campanhas de rastreamento. No ano passado, o mesmo governo decidiu voltar atrás em sua decisão. Os exames preventivos podem salvar vidas SIM.
Se o câncer de próstata já não é mais tão temido como foi no passado, nem por isso sua prevenção deve ser negligenciada. Vale a pena tomar um tempinho para uma discussão sincera com seu médico (urologista, oncologista, ou clínico geral) sobre a melhor maneira de se prevenir.
Prof. Dr. Frederico Leal
Médico Oncologista
CRM 140.286 SP